Bem, se você não quiser se perder na história, uma explicação básica... Por causa do formato blog, você pra entender a história vai ter que fazer o seguinte:
Vai no arquivo do blog.
Entra no mês de abril, dia 3... lá começa a história, no capítulo 1... depois, vai seguindo por ordem cronológica os capítulos, eles vão estar em ordem.

sábado, 17 de abril de 2010

Cap. IV - Parte III

- Valeu pela carona! – disse Jonas quando saiu do carro do pai dos irmãos.

- Daqui a pouco te ligo, beleza? – disse Bernardo. Jonas respondeu “ok” enquanto fechava a porta do carro.

Tinham deixado Jonas no asfalto, na frente da rua onde ele morava. Atravessou o asfalto, entrou na ruazinha e foi andando em direção a casa que ele ia ficar... Eram três casas, sendo uma nos fundos e uma na frente de dois andares dividida como duas casas diferentes.

Na frente do portão da casa, sentado na calçada, estava um rapaz com rosto espinhoso e cabelos desalinhados. Esse rapaz atirava pedrinhas na rua, distraído.

Quando Jonas se aproximou, o rapaz levantou os olhos e parecendo surpreso, falou “Jonas!” e esticou a mão pra cumprimentá-lo.

- E aí, Beto? – disse Jonas enquanto apertava a mão dele cumprimentando-o.

- Cê acabou de chegar? – perguntou Beto. Jonas respondeu:

- É.

- Ah, legal. Ih, ela também. – falou Beto, olhando pro fim da rua. Uma garota tinha aparecido e encostado de braços cruzados num poste.

– Depois a gente conversa, Jonas.

Beto se levantou e caminhou em direção da garota. Jonas conhecia-a, mas não conseguia lembrar-se do nome dela. Era a garota de cabelos pretos cacheados e que parecia sempre estar séria. Era a filha duma professora, mas Jonas não lembrava mesmo o nome dela.

Jonas então deixou aquilo pra trás e entrou pelo portão rumo a casa onde iria ficar, que do conjunto de casas, era a que ficava bem aos fundos. Atravessou um corredor e um portãozinho menor antes de chegar lá. Quando chegou, largou a mochila num canto e se jogou na cama, ainda cansado da viagem e do almoço.

-x-

Jonas só se deu conta que tinha cochilado quando foi acordado pelos gritos de alguém lá fora chamando ele. Ficou quieto na cama enquanto tentava reconhecer a voz de quem o chamava.

Ouviu um “Tem certeza que ele tá aí?”; parecia a voz do Matheus, apelidado como Severa pelo pessoal.
Alguém respondeu “Tenho porra! Você é que chama feito uma moça.” Essa parecia a voz do Fernandinho.
“Então chama aí, ô garnal!” era a voz do Severa de novo.
“Se ninguém atender nessa merda, eu vou embora. Garnal é maluco!” Essa voz devia ser a do Bruno, apelidado pelo pessoal de Shucra.
“Ih, ih... JONAS!”.

Jonas juntou fôlego e gritou de volta: “Chega aê”. Ouviu os passos e o ruído de conversa, som do portão abrindo e fechando, mais passos, mais ruído de conversa, um barulho de pescotapa e logo o pessoal estava na porta da casa dele. Jonas se levantou da cama, foi até a porta da casa dele e atendeu o pessoal. Ao abrir a porta, reparou de cara nas diferenças entre suas memórias e as pessoas na sua frente. Fernandinho estava com o cabelo liso dele cortado ao estilo moptop, lembrava um beatle com aquela cara. Severa usava uma camisa do Vasco da gama, estava mais alto que os outros dois e estava com um boné escondendo o cabelo louro provavelmente despenteado. Dos três, Shucra era o que menos havia mudado; mantinha o mesmo corte de cabelo curto e a mesma pose marrenta com os braços cruzados.

- Jonas! Viu, ele tá aí! – exclamou Fernandinho enquanto estendia a mão para cumprimentar Jonas. Severa e Shucra também estenderam as mãos, cumprimentando Jonas.
- Pô, cês me acordaram, mulecada. Tava tirando um cochilo bom pra caramba. – falou Jonas, esfregando os olhos e tentando parecer que estava com mais sono do que realmente estava.

- Caralho, Jonas! Isso não é hora de dormir não! – disse Fernandinho.

- Ó quem tá falando! –disse Severa num tom agudo de zombação – Quando a gente jogava RPG, você toda tarde durmia, garnal!

- Durmia? Durmia o cacete, ele hibernava! – caçoou Shucra, dando um pescotapa no Fernandinho.

- Viado! – exclamou Fernandinho enquanto colocava a mão na nuca; Severa e Shucra estavam rindo. – Que se dane, a questão não é essa. A questão é a seguinte: Jonas, o Bernardo me avisou que vai ter uma pelada lá no society e disse que era pra passar aqui pra te chamar.

- Hmn... é. Peraí então, que vou colocar uma bermuda e tênis pra poder jogar. – disse Jonas.

- Vai rápido, Jonas! – disse Severa – que a mulecada já deve ter partido pra lá já.

- Já volto – respondeu Jonas, entrando de volta pra casa dele.

Jonas demorou alguns minutos; aproveitou pra beber água e fazer outras coisas de menor importância como ajeitar a mochila no contexto do quarto. Quando tinha acabado de vestir a bermuda, ouviu Severa gritando lá de fora “Jonas, se tá cagando?”. Riu com aquilo, mas não se deu ao trabalho de responder. Calçou os tênis e saiu, sendo recebido com “aleluias” e “até que enfim” dos três rapazes que o esperavam. O recém-formado quarteto composto por Fernandinho, Jonas, Severa e Shucra atravessou o corredor e chegou ao portão da entrada.

- Aqui, vocês não vão chamar Felipe não? – perguntou Jonas, enquanto abria o portão.

- Bean não tá aí não, ele viajou. Vai passar o feriadão no Rio, ou alguma coisa assim. – respondeu Severa.

Assim que abriu o portão, Jonas viu que Beto e a menina estavam em pé do outro lado da rua conversando.

A menina então olhou na direção dele e acenou. Por um momento, Jonas pensou que era pra ele, mas então ouviu Fernandinho murmurar atrás dele “Stéphanie” e olhou pra trás pra vê-lo acenando timidamente pra ela. Fernandinho falou um “Fala Beto” e depois disso o quarteto seguiu andando em direção ao final da rua.

Quando chegaram na esquina que liga a rua com o asfalto, Fernandinho quebrou o silêncio:

- Putz, eu tinha que perguntar na Stéphanie se ela vai amanhã ou não.

- Então porque você não volta lá e pergunta? – perguntou Shucra pra ele.

Fernandinho deu de ombros e respondeu:

- Ah, agora já era.

- Por isso que você não pega ninguém, garnal! Cê tem medo de falar com mulé, nunca vi disso! – exclamou Shucra.

- Vai pro caralho, Shucra. – respondeu Fernandinho, visilvemente cabisbaixo.

Jonas queria dizer alguma coisa pra levantar a moral de Fernandinho, mas as palavras não lhe vieram e ele só ficou quieto, enquanto Severa atrás dos dois seguia rindo da discussão
.
Eles foram andando descendo o asfalto, com Severa contando seus feitos nas peladas recentes que ele tinha jogado. Um carro do outro lado do asfalto desacelerou e o carona do carro gritou “O carro tá cheio, tamo indo pra lá já. Já estamos com a bola.” Jonas reconheceu a voz de Waguinho. Os quatro sinalizaram um “ok” com as mãos e o carro seguiu acelerando pelo asfalto, até dobrar uma esquina que ia em direção ao campo e sumir de vista.

Eles fizeram o mesmo caminho andando; Jonas até achou que foram rápidos, mesmo que momentaneamente o assunto tenha acabado. Enquanto andavam, Jonas desacelerou o passo e ficou um pouco pra trás, lembrando de algumas coisas sozinho.

Fernandinho pareceu ter reparado, pois ficou olhando pra trás e depois de alguns segundos perguntou:

- Que foi, Jonas? Se tá com cara de... – Fernandinho não completou o que ia dizer, ele simplesmente pareceu lembrar de alguma coisa que não deveria e começou a balançar a cabeça, como se dissesse não pra si mesmo ou espantasse alguma mosca invisível.

Jonas respondeu que não era nada demais, que só tava lembrando da última vez que tinha jogado bola com o pessoal. E não mentiu; não era realmente nada demais, ele estava só formando uns pensamentos sem palavras que não saberia explicar pra ninguém.

O comentário sobre futebol retomou o assunto pra conversa, e assim foram os quatro conversando até chegarem no campo society de São Miguel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário